quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crescer é uma incessante batalha contra o coração.


Aprende-se que amar tem custos
E que os lucros
São mais poucos que as feridas
Das palavras mal medidas.

O amor pesa nos ombros despidos,
Nos lábios abraçados e nos lençóis perdidos,
No lado em que a cama está fria,
O amor pesa e mata-nos a autonomia.

Coração que bate por alguém,
Bate porque é louco.
Pois não há ninguém
A viver por tão pouco.

Coração que existe porque ama
É coração que não sente,
Porque falta na alma
O que está ausente.

O amor assusta. Não saber
Quanto um coração bate.
Amar não é para quem quer
É para quem não parte.
A mão que esteve perto
Voou para outro corpo.
O que parecia futuro certo
É coração no fundo do copo.
Estamos nós os dois e o mundo
Mas o mundo está entre nós.
Os teus olhos foram tudo
Mas agora só restam os nós
Que ainda nos fazem andar.
Era amor maior mas agora jaz.
E agora, quem morre sou eu
Lágrimas em que a alma se desfaz,
É saudades tuas, e amor meu.

Peço desculpa se me magoas.
Que mais pode o meu corpo fazer?
Foram as tuas mãos que deixaram nódoas
Que agora só o tempo pode esconder.

O amor é bom em toda existência:
No não recíproco, no mal amado,
No platónico, na dependência,
No boémio, no que chega atrasado.
No que tem medo e está assustado,
No que não tenta e morre sem saber
Na despedida e no seu choro abafado
O amor é bom e sabe bem viver.

Amar é perder o juízo,
É dar um tiro no próprio pé.
Quanto eu queria ter um pouco dessa fé:
Ser louca e achar que isso é o que preciso.

A saudade é vulgar de quem sente.
É casa de férias onde se espera
Enquanto o outro corpo está ausente.
É ouvir um bater na porta e
Correr em direcção a ela.



Não espero pelo eterno,
O eterno torna-se velho.
Mas a paixão é algo moderno,
Dura enquanto há ainda se
Suporta o reflexo no espelho.

Há amores impossíveis
Que vivem no sangue dos amantes.
Escondendo as variáveis,
São apenas corpos expectantes.

Alma apaixonada é alma de criança,
Onde tudo é novo e brilhante.
Onde a visão está nublada pela confiança.
Onde até o fim da morte é cativante.



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